Tenho como o opinião que é importante compartilhar com outros as nossas experiências sejam boas ou ruins. Muitos veem isto como uma forma de querer destacar-se sobre o outro - em outros modos, querer aparecer. Discordo. Sou adepto da idéia que ao ponto que alguém lhe infor, conte algo, mesmo que a imaginação do narrador de grandes saltos, é importante ouvir e aprender de alguma forma. O que mais importa ai, é o seu poder de discernimento em perceber o que vai e o que não vai lhe interessar.
Pois bem, pensado assim, e devido a alguns pedidos de dicas sobre a viagem que, eu e meus companheiros historiadores fizemos pela Bolívia e Peru nos meados de 2008, deixarei aqui algumas impressões e desde já estando a disposição para auxiliar aos que pretendem fazer o mesmo. Recomendo.
Foram 23 dias. Saímos de Divinópolis e fomos até Machu Picchu, também chamada de cidade perdida - já encontrada - do Império Inca. Os 9.600 Km que percorremos foam todos por terra e água - onibus, jardineiras, barco e caminhada na altitude.
Os maiores desafios da viagem estão em relação ao transporte - o transporte público Peruano e sobretudo Boliviano é de uma precariedade preocupante. Poucas são as empresas que oferecem segurança. A alimentação muito gordurosa nos concedeu uns kilos a mais. Destaque para o bife de llhama e o milho. A terra é tão boa para o desenvolvimento dos milharais que o grão é do tamanho de uma azeitona.
Outro incomodo marcante e presente é a altitude. É meio difícil de relatar pois é do tipo "ver pra crer". Andar 50 metros ou subir dez degraus é muito cansativo, além de estarmos sempre expelindo sangue pelo nariz - a altitude aumenta a pressão arterial. A solução: mascar folhas de coca que não tem um gosto muito agradável.
Devido ao planejamento de um ano para a realização deste trajeto, não tivemos grandes problemas. Havia preocupação em relação a violência, assaltos, a viagem no "Trem da Morte - tem esse nome devido a uma epidemia de Febre Amarela onde os passageiros do Trem, unico meio de transporte no local, já chegavam sem vida quando viajavam em busca de tratamento. A violência lá, se é que podemos chamar de violência, está nos povos simples, de raízes indígenas que reivindicam sua terra, para viver tranquilamente. Eles demonstram pavor a governos. Querem simplesmente, conforme nos relatou um nativo, viver como viviam os seus antepassados, dizimados pela invasão Espanhola.
Vale lembrar qua a famosa Machu Picchu é somente um dos locais a ser visitado. O Império Inca, a Bolívia com suas belezas naturais e seu povo, tem bem mais a oferecer; lugares de arquitetura impressionante que supera a Cidade Perdida dos Incas.
Sta Cruz de La Sierra, Cochabamba, La Paz, Copacabana, Puno, Cuzco, Aguas Calientes, Ilha do Sol, Ilha de Uros no Lago Titicaca são alguns dos locais que conhecemos.
O GRANDE aprendizado desta viagem está no contato com o outro, o diferente. O carisma e o modo como fomos tratados pelos peruanos e bolivianos, bem como pessoas de outros lugares do mundo com as quais "topamos" não é passível de descrição. É uma experiência que deveria ser obrigatória a todo ser. Sair de seu habitat natural e cair na `zona de contato´ frente a frente com o diferente. Bem mais do que aprender do outro, tenha a certeza que aprenderá mais de você mesmo.
Citando Paulo Coelho, " Viajar é a experiência de deixar de ser quem você se esforça para ser, e se transformar naquilo que você é". Assim, fechei meus olhos para ver melhor.
Nossos agradecimentos especiais as empresas que nos apoiaram nessa empreitada:
São Joao de Deus Saúde, Alumínios Alvorada, Dep. Federal Antônio Roberto, CS Estamparia, Plástico e TV Alterosa.
Agradecemos aqueles que acompanharam nossa viagem, seja através do blog ou através dos boletins. Em especial ao amigos Wingrathys, Vanessa, Pedro, Bobby Fonseca, Prof. João Pires, Prof Adalson, Prof Miriam, Lisandra, Ismael Pedraza (Ferroviária Oriental), a Fernanda que trabalhou na retaguarda no Brasil e ao garoto Denis (Porto Guijarro-Bolívia) que provavelmente não lerá este texto, mas foi nosso primeiro e importante `amuleto e combustível´ para a viagem. Aos nossos familiares que sempre nos apoiaram apesar da preocupação.
Três projetos ainda me restam. A escrita de um livro para o qual os rascunhos estão prontos. O roteiro e edição do documentário e uma próxima viagem por outros países da América Latina, preferencialmente com os mesmos companheiros.
Recomendo esta e outras. Dicas, informações, contatos, curiosidades, deixe seu comentário no blog ou envie e-mail: taylor.divi@hotmail.com
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