segunda-feira, 11 de abril de 2011

Morte em nome de que? Alguém ou algo pode salvar?

O massacre dos meninos no Rio de Janeiro foi um massacre religioso, como a matança dos inocentes de Herodes, o assassino foi um anjo da morte de um Deus louco, a sua carta mostra isso, na sua carta ele fala: pureza e impureza, virgindade, adultério, sangue intocável por fornicadores e seu enterro de filho virgem ao lado da mãe santa de onde Jesus o despertará.

O seu ritual de sepultamento, que ele descreve na carta é místico, ela fala; eu quero ser banhado e envolvido nu num lençol branco e puro como Cristo, espantosamente na carta vemos que ele massacrou em busca de perdão e para punir matando meninas principalmente, pecadoras, talvez no futuro, na cabeça dele.
Na história humana a idéia de Deus foi essencial para nomear o inconsciente da humanidade e saciar nossos desejos de eternidade, sem a idéia de Deus a civilização seria impossível, só, que com a falência da felicidade da esperança num mundo incompreensível de hoje Deus pode deixar de ser uma fonte de consolo e se transformar em um agente do terror.
Reaparece o mesmo Deus que queimou milhares de feiticeiras na idade média, o Deus do Irã que apedreja mulheres, o Deus que arma os homens bomba em nome de Alá, o Deus que jogou os aviões em Nova Yorque, os tempos trágicos de hoje, surgiu o Deus da morte. E a dor terrível que sentimos com esse crime é de abandono, o ato desse assassino nos faz sentir que estamos sozinhos e que Deus está ausente.”
Arnaldo Jabor - crítico, cineasta e jornalista

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