Como pode um Deus permitir tanta miséria?
Melhor ser ateu. Um ateus destes que gostariam muito de acreditar em alguma coisa.
Um ateu rezando para estar errado.
Pois não é que hoje morreu um anjo!
Um anjo pediatra. De sorriso lindo.
Um sorriso, me desculpem o trocadilho, angelical.
A primeira vez que vi tal sorriso foi em 1973.
Na capa de uma revista esportiva a qual trazia estampada o novo Cardeal de São Paulo.
Eu estudava em colégio de padre onde o diretor não sorria e nem deixava sorrir.
Imaginem minha surpresa! Um Cardeal de riso aberto na revista com uma bandeira do Corintians.
Descobri que o sorriso era do mais puro aço, inoxidável, imprescindível, inestimável.
Dom Paulo Evaristo Arns era feito de pedra e sentimento. Um anjo na Sé.
Anos depois conheci Zilda. Crianças no colo. Amor pra dar sem vender.
O mesmo sorriso do irmão. Um sorriso de forquilhinha.
Quis o destino. Deus?
Levar desta terra a bela pastora.
Esse Deus que quer todos os sorrisos para si.
Pois. Deus!
Se é que você existe mesmo guarda bem este anjo que se foi quando ajudava tantos anjos numa terra de miséria sem fim.
Guarda bem esse anjo, Deus.
Pois a terra ficou mais vazia no dia de hoje.
E o céu? Se é que o céu existe mesmo, o céu ficou mais azul.
Por Roberto Vieira (nordestino brasileiro e saibam isso é muito do muito)
Nenhum comentário:
Postar um comentário